Essa foi a peça mais recente que escreví. Um danada de 10 minutos para grande orquestra (2 flautas, 2 oboés, clarinete, clarone, 2 fagotes; 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba; 4 percussionistas; harpa e cordas completas), quem já escreveu pra esse efetivo sabe o trabalho que dá…
As idéias iniciais eram: 1- utilizar o conjunto de notas 3-2 (013), na classificação de Allen Forte, trabalhando, como venho fazendo nas minhas últimas peças, com saturação motívica. Assim, formo dois hexacordes com três transposições ou inversões diferentes do conjunto e utilizo de diversas maneiras, ordenada (série) ou não ordenada (permutações). Como venho trabalhando, inclusive na minha tese, retiro o máximo de abstrações possíveis fora do parâmetro das alturas, utilizando as proporções do conjunto. No caso, por mera falta de tempo e prazo a cumprir, só defini a forma da peça utilizando as proporções do hexacorde mencionado anteriormente. 2- Fazer uma espécie de concertino triplo utilizando o clarone, o trombone e a marimba como solistas. Portanto na forma predefiní seções contrastantes entre tutti e solo. Havia definido também dois movimentos e uma cadenza tripla.
No processo desisti das duas últimas ideias, ficando a peça com um movimento único.
Outro detalhe interessante do processo foi como foi sendo construída uma narrativa, a princípio não esperada. Sempre mostro as coisas que componho à Érica, minha digníssima quase-esposa, mesmo durante o processo de composição. Ela sempre ouve as coisas e vai criando estórias a partir do som e isso rende no mínimo diversão e boas risadas. Até aí tudo bem, só que dessa vez acabei me deixando contaminar pela estorinha que ela criava e me peguei tentando, obedecendo meus planejamentos, guiar os próximos passos da estória. Acabou que ficou um processo bem interessante, onde uma coisa ia contaminando a outra. Precisei ainda fazer um final feliz, quase que por exigência, a mocinha não podia tomar tanta porrada assim… Terminei também por mudar o título, pra ficar condizente com o processo, e dediquei obviamente a peça a ela.
Infelizmente enviei para a seleção da Bienal de Música Contemporânea Brasileira de 2011 e a peça não foi classificada. Bom que rendeu uma peça legal e uma estória melhor ainda.
Cadê a música seu Espinhoso? Pelo menos uma palhinha…
Lú, só tenho aquela coisa tosca do Finale… mas vou ver se tem alguma parte menos ruim… abrs