O manifesto de Joanna Bailie para salvar a “nova música”

Me deparei com esse manifesto de uma compositora inglesa chamada Joanna Bailie, através de Henrique Iwao. Pedro Filho, percebendo a importância do discurso, traduziu e eu posto aqui essa tradução. Visão interessantíssima. Precisamos, nós compositores de música “nova”, “contemporânea” ou sei lá o que, realmente de outras relações menos dependentes do velho ambiente de concerto. Eis Joanna, pois:

Desistir de música nova? Nunca, minha ideia é salvá-la! Eis algumas sugestões simples e práticas para resgatar a música nova de sua irrelevância cultural que eu reuni sucintamente num MANIFESTO.

1. Vamos cortar relações com a cena da música clássica. É o marido rico mais caduco e profundamente conservador (oh as casa de ópera e as orquestras sinfônicas!) com quem nós estivemos casados todos esses anos que (não tão) secretamente nos odeia. Nós ainda amamos o velho empoeirado, apesar disso, porque amamos Beethoven e os músicos treinados em conservatório. Isso não é bom o suficiente: é hora de nos tornarmos namoradas livres!!!

2. Abaixo as editoras! Elas consomem patrocínios e contribuem muito para a promoção e dominação de Música Nova no-meio-do-caminho, culturalmente irrelevante.

3. Tomemos algum cuidado com a curadoria. Por que a Música Nova acha que tá tudo bem em ser preguiçoso sobre quais trabalhos vão juntos num concerto ou festival? E já que tocamos no assunto, porque arte sonora, música nova instrumental, música eletrônica e improvisação são tão raramente apresentadas na mesma plataforma? Com certeza um pouco mais de diálogo entre esses gêneros seriam benéfico para todos nós.

4. Sempre tenha as seguintes perguntas em mente quando estiver compondo: Algum dos seus amigos artistas conceituais, culturalmente engajados entende sua música ou a considera interessante? Eles ao menos se preocupam em ir aos seus concertos?

5. Para ensembles e compositores: encontrem uma maneira mais frutífera e menos rígida de trabalhar juntos: que não seja baseada no modelo clássico de compor por três meses, tirar as partes, algumas horas de ensaio, um ensaio geral muito curto no local do evento e então (UMA) performance. Esse modus operandi é um saco!

*originalmente postado aqui.

Avant-garde e vanguardas. É pra guardar essa van?

Considerando a definição de vanguarda, grosso modo, estar a frente de seu tempo, como podemos dizer que a utilização – não imitação – qualquer que seja, de elementos de qualquer vanguarda seja prejudicial? Beethoven foi um vanguardista. Ou não foi ele quem fez a passagem do classicismo pro romantismo? E o que dizer de seus últimos quartetos que beiram a atonalidade? E o que dizer do cromatismo de Wagner e o famoso acorde de Tristão? E o que dizer de Debussy, Stravinsky e Bartok? E a Segunda Escola de Viena? Para mim, todos vanguardistas, cada um a seu tempo. Os “novos” recursos apontados por essas vanguardas deveriam ter sido considerados inúteis pelos seus sucessores? Todos os que vieram antes, sendo simplista, não formaram os degraus que subimos até o que entendemos como música contemporânea de concerto nos dias de hoje? Como ignorar qualquer um desses degraus?

Creio que, como compositores, não deveríamos abrir mão de qualquer recurso para expressarmos o que precisamos. Creio também, e tento aplicar isso, que, como educadores, devemos munir os aprendizes da maior quantidade de recursos possíveis para que eles um dia possam fazer suas próprias escolhas.

Encaro tudo o que veio antes de mim como recurso e não abro mão de usar nada. Nem acordes maiores, nem clusters; nem polifonia, nem micro-polifonia; nem dobramentos em oitavas, nem recursos de técnica estendida; nem melodias, nem texturas. Esse é o meu projeto estético, por enquanto, se assim posso chamar. Para mim, isso é fazer música contemporânea de concerto. Não estar preso às amarras de qualquer sistema, apenas às regras de cada obra (o sistema-obra de Fernando Cerqueira). Essa talvez seja a maior lição que o século XX deixou: tudo é válido.

Considerando a questão da cópia pura e simples: Imitar a avant-garde, assim como imitar o barroco, ou romântico (ou o pós), ou o serialismo, ou qualquer outro “ismo” é bastante relativo – é muito pobre. Por outro lado, pelo que me consta, o compositor sempre aprendeu imitando e, no decorrer de sua vida, ele acaba escolhendo 1) se quer tentar dar um passo à frente; 2) se quer manter uma tradição ou 3) se prefere dar um passo atrás. Cada um escolhe seu caminho. Eu respeito todas as escolhas, inclusive as que não me agradam.

Existem outras situações… Em um caso, o indivíduo pode ter escolhido ser um “representante” de determinada estética e continuar a replicá-la, ou, num segundo caso, iniciantes realmente imaginam estar (re)descobrindo a pólvora. Como um exemplo, a minha primeira peça estreada foi “vanguardista”, em 94 (a vanguarda já estava datada?). Tinha acabado de aprender que era possível utilizar “efeitos”! Olha que descoberta fantástica! Fiz uma peça toda com efeitos gráficos – e algumas colcheias – e ela foi tocada ao vivo numa final de concurso pelo Bahia Ensemble com Piero Bastianelli como regente! Eu ali, pelo menos pra mim, estava fazendo algo novo. No primeiro caso temos então uma escolha deliberada. Porque não? Tem gente que continua compondo com contraponto tonal até hoje. E no segundo, experimentações de estudante fazem parte do processo de aprendizagem.

Colocar que a avant-garde esteja datada e o uso dos “novos” recursos apontados por ela sejam ocos, vazios ou qualquer termo semelhante, tem um outro lado que pode ser, no mínimo, frustrante, principalmente para os jovens. Explico: Se utilizar seus recursos é datado, utilizar os recursos de qualquer outro “ismo” anterior também não seria? Então compor é uma eterna busca pelo inédito, ou por recursos técnicos inéditos (desconsiderando aqui que a obra de arte é, pela pessoalidade do autor, já algo inédito), e nada que façamos é válido, a não ser que seja uma grande novidade? Isso não seria algo frustrante para os jovens compositores? Depois que todas as portas foram arrombadas no século XX, ainda há regras para transgredir? A história da música – quiçá da arte, prova que não é assim. Ela é toda feita de consolidação, mudança, reação e passos lentos.

E quem diz qual o prazo de validade de um novo procedimento? O que vejo de mais novo, pelo menos o que mais vejo sendo pesquisado e tem seduzido mais jovens compositores, são a nova complexidade (Ferneyhough) e o espectralismo (Grisey, etc), ambos da década de 80 do século passado. Também já caducaram? Ainda são grandes novidades?

De resto, quanto ainda se cria de original com lápis e papel? E com argila? E com concreto armado? E com kanvas e óleo? São diferentes materiais que se multiplicam através de diferentes poéticas potencializados por milhares de indivíduos pelo mundo. Cada indivíduo com sua bagagem, suas crenças e suas misturas, buscando fazer a sua obra de arte, que, por si só, se torna única e original porque feita por um ser único e original.

Soteropolitana I

Olá, nunca mais escrevinhei por aqui… vou tentar, a partir de agora, sempre registrar algumas das ideias sobre as peças que componho. Talvez seja uma boa utilidade pra esse espaço.

Soteropolitana I foi uma encomenda de Humberto Monteiro, percussionista da OSBA e fundador do grupo de música contemporânea PerCantos que é formado por uma atriz, uma soprano e quatro percussionistas (geralmente). Ele me pediu que usasse um berimbau. Ótimo! Tenho utilizado um com três notas, com a cabaça colocada um pouco mais acima, à 3/4 da beriba, gerando uma nota afinada uma décima (uma terça maior mais uma oitava) da nota solta do berimbau.

Sempre pensei muito em utilizar as referências regionais nas peças de música contemporânea de concerto e já tenho feito isso há algum tempo (vide T1patacuntum, Oxogbô, Oxowusí, Quatro Momentos para Iansã e Fantasia Baiana para Piano de Brinquedo, a maior parte delas com gravações disponíveis na aba Lista de obras), e me tornei muito mais convicto disso a partir de umas entrevistas que vi com o chef Alex Atala. A sua pesquisa com ingredientes únicos da terra e sua inclusão em receitas utilizando técnicas da cozinha contemporânea é fantástica. Olha o paralelo aí… isso não é novo na música, principalmente na Bahia, onde alguns membros do Grupo de Compositores da Bahia (década de 60) e principalmente Paulo Costa Lima, fizeram e tem feito uso constante desse recurso.

Nessa peça, além do berimbau e de um agogô, resolvi utilizar textos que tivessem uma “soteropolitanidade”, falando um pouco de Salvador, ou como soteropolitano, ou com um espírito soteropolitano. Para isso procurei texto de jovens baianos, amigos que sei que escrevem bem. Encontrei um texto de Joana Rizério que caiu como uma luva no projeto, duas poesias bacanas do meu amigo Kalu e mais duas de Gregório de Matos, que me lembrei por sua crítica ferina aos governantes da época.

Para fechar essa salada, amalgamando a parte musical, pensei em buscar um “tema baiano”, popular, contemporâneo e que fosse interessante quando “reduzido” à classes de conjuntos na Teoria Pós-tonal. Encontrei isso em Taboão, da Rumpilezz do Maestro Leitieres Leite. O tema principal, dividido em uma frase antecedente e outra consequente, me gerou dois conjuntos  – 4-22 (0247) e 4-11 (0135) – que são trechos da escala diatônica e que geram conteúdo completamente diverso (invariância por transposição) se transpostos ao trítono (T6). Utilizei sempre esse par de transposições ao mesmo tempo, funcionando quase como um conjunto de oito notas. O conteúdo intervalar dos conjuntos orientou as transposições utilizadas em cada parte da peça, gerando um “arco transpositivo” que vai ao mais distante e volta ao zero. Em dois pontos, um no instrumental do meio e outro no final, há uma “condensação” desse esquema.

A forma da peça funcionou da seguinte maneira: Picotei todo o texto de Joana e fiquei indo e voltando nele, intercalado com os outros poemas musicados e trechos instrumentais, deixando a peça com uma cara de rondó, principalmente por utilizar sempre o mesmo motivo no berimbau toda vez que volto para essa parte, e gerando uma certa expectativa que se mantém até o fim.

A partitura (e partes) está disponível na aba “Lista de obras“.

OCA participa da série “Quinze” no Rio de Janeiro

Sergio Roberto de Oliveira e a série “Quinze”

As datas redondas sempre estimulam celebrações e não poderia ser diferente neste ano em que se comemora 15 anos de carreira do compositor Sérgio Roberto de Oliveira. Aluno de Guerra-Peixe (1990 a 1992) e indicado ao Grammy Latino 2011 em composição clássica contemporânea – está sendo novamente indicado, em 2012, desta vez, na categoria “Melhor Álbum de Música Clássica” com o CD “Prelúdio 21 – Quarteto de Cordas”, do grupo de compositores do qual faz parte, o Prelúdio 21, tendo como intérprete o Quarteto Radamés Gnattali – o compositor e músico festeja a data de forma especial, lançando o box “QUINZE”, com quatro CDs comemorativos, no dia 07/10. Desde julho reunindo intérpretes e compositores no espaço cultural, Sérgio Roberto de Oliveira terá como convidado, desta vez, o grupo americano de compositores Vox Novus, com um programa de obras de ambos, interpretadas por Maria Carolina Cavalcanti (flauta), Thiago Tavares (clarineta) e Antônio Ziviani (piano).

A participação de compositores baianos da OCA

No próximo domingo, dia 14/10, às 17h, no Centro Cultural Justiça Federal, Rio de Janeiro, com entrada franca, é a vez da participação de compositores baianos na celebração dos quinze anos de carreira de Sergio. Quatro compositores da OCA, grupo de compositores baseado em Salvador, terão suas obras apresentadas no concerto, que tem performance a cargo dos músicos cariocas Maria Carolina Cavalcanti, Thiago Tavares, Gabriel Lucena e Murilo Alves.

Alexandre Espinheira, Guilherme Bertissolo, Paulo Costa Lima e Paulo Rios Filho irão dividir o programa e o palco com o compositor homenageado, e estarão presentes à festa, que marca ainda a estreia mundial de três das sete obras apresentadas: Groove (Rock’n Roll), de Espinheira; Fumebianas nº 5, de Guilherme Bertissolo; e nav tirs nekadus hibridus nº 4, de Paulo Rios Filho.

Além destas, incluem-se ainda no programa as músicas “Apanhe o jegue” e “Ibejis N. 2” (Paulo Costa Lima), “Rossianas” (Paulo Rios Filho) e “3 músicos” (Sergio Roberto de Oliveira).

“A participação da OCA na importante série do compositor carioca marca a mais do que saudável fase atual da música erudita contemporânea baiana”, assinala o compositor Alexandre Espinheira. Para ele, o convite “representa o reconhecimento da produção dos compositores da Bahia, uma construção que começou lá atrás, ainda na década de 1960, com nomes como os de Ernst Widmer, Lindembergue Cardoso e Fernando Cerqueira.”

A saúde da fase atual se deve em grande proporção à forte atuação da própria OCA na cena cultural de Salvador, com a realização do projeto MAB–Música de Agora na Bahia, por exemplo, bem como de seus membros, em ações individuais, mas não menos articuladas. Essa articulação, seja em grupo ou individualmente, tem trazido bons frutos a nível nacional e internacional, como é o caso da recente turnê em Portugal, feita pelo compositor Guilherme Bertissolo e a bailarina Lia Sfoggia (também da OCA), apresentando o espetáculo m’bolumbümba; ou com a recente escolha, através de votação, de Paulo Costa Lima para compor uma das obras hors concours da XX Bienal Brasileira de Música Contemporânea, que acontecerá também no Rio, em 2013; ou ainda com a recente encomenda de obra inédita feita pela Americas Society, de Nova Iorque, ao compositor Paulo Rios Filho, peça que será estreada pelo grupo ICE–International Contemporary Ensemble, em Abril de 2013, na cidade norte-americana.

“É claro que este é todo um trabalho que não é, de forma alguma, ação exclusiva e individual da OCA, ou de seus membros”, ressalta Paulo Rios Filho. “Somos parte de uma rede muito forte, na qual se integram, por exemplo, o Grupo de Percussão da UFBA, o GIMBA e o Camará, bem como a própria Escola de Música da UFBA, todos tendo como meta o fomento e a divulgação da música clássica feita nos dias de hoje”, conclui.

Serviço
Concerto da série “Quinze” – Sérgio Roberto de Oliveira convida OCA
apresentando obras de: Sérgio Roberto de Oliveira, Paulo Costa Lima,
Guilherme Bertissolo, Paulo Rios Filho e Alexandre Espinheira

Centro Cultural Justiça Federal, Rio de Janeiro – RJ
Domingo, dia 14/10 – 17h | entrada franca

Então é Natal²

E se tirarmos a neve artificial, os pinheiros, o papai noel e o consumismo o que é que sobra do espírito de Natal???

Procurei no Google e na primeira página não tinha nada de interessante… um coral que levava o “espírito” para um cidadezinha em Portugal, uma decoradora que o levava para a casa do Ronald McDonald e um poeminha exaltando a caridade. Caridade? O Brasil precisa de igualdade, pelo menos de infra-estrutura sanitária, moradia e educação! Esse é o espírito de Natal??? Quero, não… Pelo menos as pessoas pensam em reunir a família, já é um alento. Mas devíamos fazer isso sempre. Devíamos pensar no “espírito” na hora de apoiar uma maior distribuição de renda, de igualdade, de educação… educação muda a vida das pessoas. Acho que devíamos procurar uma alternativa ao consumismo também… já virou uma política pública pra manter o país crescendo e a roda girando… Consumismo demais não é legal. Gera lixo e polui. Apesar de ter sido assim que Lula inteligentemente fez com o Bolsa-família. Deu dinheiro a quem tinha urgência em consumir e colocou a roda pra girar afetando o país inteiro. Vivemos um bom momento, apesar de tudo que ainda temos pra melhorar. Tomara que continuemos no prumo… seja lá quem seja o governante.

Novamente, às portas do fim, só tenho a agradecer o excelente ano. Dia 27 de dezembro finalizo meu projeto de 6 anos chamado “Só saio de lá Doutor”. A primeira etapa, o mestrado, terminei em 2008, ano em que comecei também o doutorado, que termino agora, com sucesso, espero. Fazendo um balanço, foi um período de muito crescimento e amadurecimento. Ainda preciso de um emprego, mas espero mesmo é que não falte trabalho. Ontem a OCA recebeu uma grande notícia e 2012 já vai entrar bombando. Isso já é bom sinal… vamos tentar manter a roda girando. Fiz bons amigos e parcerias fantásticas. Fiz coisas que não achava possível e cheguei onde não imaginava. Obrigado a quem me deu essas oportunidades.

No mais, que sejamos felizes… onde quer que resida a felicidade de cada um. A minha tá na música, na fotografia, na poesia, na familia (incluindo a cachorrada) e na minha nêga (não necessariamente nessa ordem, ou melhor, sem ordem ou preferência alguma).

Completando, fica a lenda pagã da festa natalina… por Elke Maravilha

AXÉ!

Compositor de música classica, erudita, de concerto e contemporânea

Pegando o mote do meu amigo, também compositor, Paulo Rios Filho, você sabia que existe compositor de “música clássica” na Bahia? Além de tudo atuante e compondo novidades sempre? Você sabia que são muitos? CUIDADO! Pode ter um a seu lado AGORA! (hehehe). Aí nessa barra do lado direito pode-se encontrar o link para o site de alguns deles…

Dias 8 e 16 de Dezembro se realizam os concertos de estreia desse projeto pensado há um tempo… o de ter um conjunto de música “nova” dedicado e disponível, essencial para tocarmos em frente muitos projetos da OCA. Nesse concerto serão estreadas 6 peças de compositores baianos vivos, jovens e ativos compostas especialmente  para o conjunto, sob direção do já citado Paulo Rios Filho. O programa e outras cositas mas podem ser encontrados no site do conjunto. É bom ressaltar que o projeto, que inclui os concertos e a gravação de um CD (a ser disponibilizado na internet) foram financiados com patrocínio colaborativo. Obrigado a todos que contribuíram!

Nesse concerto tem a estreia de minha peça Oxowusi, cuja partitura pode ser encontrada na aba Lista de Obras. Essa peça faz parte da minha tese A Teoria Pós-tonal Aplicada à Composição: Um Guia de Sugestões Compositivas a ser defendida no dia 27 de Dezembro, utilizada para exemplificar muitas das sugestões que apresento no texto [defendida, aprovada e disponível na aba PUBLICAÇÕES].

Falando um pouco da pecinha, que tem cerca de 4 minutos, ela foi toda baseada no ritmo dos atabaques tocados para Oxóssi em festas e cerimônias de algumas nações de candomblé e também num cântico utilizado para o mesmo orixá (bem escondidinho no meio das coisas…). O sistema de alturas (notas), a forma da peça, as transposições das seções, os ritmos, tudo é derivado desses dois elementos que foram desconstruídos e “remontados” diferentemente, bem diferentemente (hehehe)…

Então… Tamo aí na luta diária da música, que já é bem difícil, e da composição dessa nova música clássica, erudita, de concerto e contemporânea. Abaixo um pequeno teaser do concerto… a trilha é um excerto de uma outra peça minha – cinco poemas miniatura – que tem também a partitura e o audio disponíveis na aba Lista de Obras.

Patrocínio colaborativo (ou música erudita contemporânea com a cuia na mão… mas sem chororô.)

Camará – Conjunto de Câmara da UFBa from Ramon Coutinho on Vimeo.

Viver de música não é fácil.

Viver de música que não seja axé ou pagode na Bahia é mais difícil ainda (depois falo dos prejuízos da monocultura, um dia talvez… sem julgamento do que é bom ou ruim, do que eu gosto ou não).

O governo tem editais e “financia”  projetos como esse até com certa facilidade.

Mas o dinheiro do governo demora, às vezes mais de um ano, pra sair, a exemplo de um projeto da OCA chamado Música de Agora na Bahia, aprovado desde abril de 2010 para realização no mesmo ano e que estamos esperando… ainda (antes por demora do governo, agora por incompetência de nossa contadora…).

Saiba como ajudar!

O Camará é um conjunto de câmara (flauta, clarinete, bandolim, violão, percussão, dois violinos e dois cellos) que, para esse projeto, realizará dois concertos em dezembro, abertos ao público, e a gravação de um álbum eletrônico, a ser distribuído pela internet, com as músicas compostas sob encomenda para o projeto. Saiba mais AQUI!

Eu participo com a peça Oxowusí. Dedicada ao conjunto e que usa como material música de candomblé, mais ou menos desconstruída e/ou evidente, mas tudo que tá lá saiu, de uma forma ou de outra, do ritmo e de um ponto de Oxóssi.
Se puder ajudar, ajude. O projeto vai acontecer de qualquer jeito, com ou sem dinheiro. O conjunto tá montado, as peças já foram compostas e as datas foram marcadas, mas, vc que é dentista, médico, advogado, engenheiro ou coisa e tal, trabalha sem ser remunerado??? Então é isso… o conjunto quer pagar os músicos e dar uma agrado aos compositores.

Fuguinha a Cobrar

Ví outro dia uma fuga super bem feita com o tema da Nokia e resolvi experimentar. Escolhi o tema que toca quando fazemos uma ligação a cobrar e fiz essa fuguinha. Tá meio fora de estilo e não tão escolástica, principalmente por causa da modulação maior que é pra bem longe (de Dó maior pra Dó# maior) e isso não era comum na época. Taí então…

ps.: fazer um exercício desses é melhor do que qualquer palavra cruzada, sudoku, adivinhação, quebra-cabeça ou coisa que o valha…